O final do ano de 2011 e os meses iniciais de 2012 não foram um mar de rosas. Foram daqueles meses que só queremos apagar da memória. Foram terríveis em quase todos os quadrantes... Principalmente a nível de saúde e financeiro.
Não posso dizer que perdi a conta às visitas ao hospital e aos internamentos porque são daquelas coisas que ficam marcadas e demora um tempo a esquecer. Foram muitos "passeios" até às urgências e nunca até então tinha estado tão familiarizada com os espaços da urgência e internamento da pediatria.
Foi-me (nos) realmente difícil conciliar os períodos de doença e de internamentos da nossa florzinha de estufa Francisca com toda a dinâmica familiar. Dei por mim a entrar numa tremenda espiral descendente. Quando estava com a Francisca sentia-me a falhar com os que deixava em casa, quando estava em casa sentia-me a falhar com a Francisca. Sentia-me mal por sentir que estava a dar muito trabalho aos meus pais, que os estava a sobrecarregar em demasia, com os netos e a lida da casa. E logo eu que não tenho necessidade de ter de ser eu a fazer tudo, que não tenho problemas em delegar quando necessário. Sentia-me realmente a abusar da ajuda deles e a perder o controlo das questões domésticas e da educação dos outros miúdos.
Ao fim do segundo longo internamento da Francisca, dei por mim obcecada com a necessidade de a manter saudável e longe do hospital. Foi uma fase muito complicada, mal deixava os irmãos chegarem-se perto dela, andava sempre atrás deles para lavarem as mãos, nada de brincadeiras na rua para não se constiparem, nem idas a casa de colegas e muito menos colegas a vir a casa. Os miúdos andavam fartos deste controlo todo, quase dia sim dia sim haviam discussões e gritos, a minha relação com os miúdos e com o meu marido sofreu muito.
Assim que ouvia alguém fungar ou espirrar, era o pânico. Cada vez que a Francisca ficava doente e tínhamos de voltar ao hospital, medicamentos, internamento, sentia-me a pior mãe do mundo, a falhar com ela por não ser capaz de a manter saudável. Um sentimento terrível, pensava muitas vezes no que estaria a fazer mal com ela, já que tinha conseguido manter os outros livres de doenças graves com a idade dela...
Foi muito difícil ver e admitir que estava fora do meu alcance controlar tudo para impedir que a Francisca adoecesse. Perceber que tinha de relaxar e viver um dia de cada vez, sem ansiedades e sem medo de algum deles adoecer. Ainda é um trabalho diário, não entrar em pânico cada vez que a Francisca espirra, ou quando qualquer um dos outros espirra. Mas felizmente estamos todos a recuperar destes tempos neuróticos que vivemos e a paz e a tranquilidade aos poucos vão chegando e vamos todos voltando à normalidade.
Este ano, mais do que nunca, cá em casa estamos todos ansiosos pela chegada das férias de verão para que possamos ir relaxar e aproveitar a vida e a família.