Há muito que não tinhamos uma semana tão má, tão atribulada... E felizmente que assim é senão dava em doida!
A Beatriz, no jogo de estreia, caiu desamparada depois de saltar para cabecear a bola e pregou-nos um susto enorme porque foi uma queda muito aparatosa e ela não se levantou logo. O treinador entrou logo quando se apercebou que ela não se levantava e de seguida chegaram perto dela os bombeiros que lá estavam de prevenção. Quando consegui chegar perto dela (que pareceu demorar uma eternidade) já ela tinha recuperado os sentidos, ainda meio atarantada. Foi levada para o hospital para ser examinada pois tinha tido perda de consciência e o bombeiro suspeitava de uma fractura no braço. Fizeram-lhe raio-x ao braço, fractura confirmada, e ao pescoço e coluna para se certificarem que estava tudo bem, aí o raio-x não revelou nada (felizmente). Depois do braço engessado, ainda ficou um tempo em observação para se certificarem que não havia traumatismo craniano. Saímos do hospital já ao inicio da noite e ainda com ordens para a manter vigiada o resto da noite. Esteve o tempo todo, mesmo durante a noite, muito queixosa, com dores no braço e no resto do corpo. O medicamento para as dores parecia não estar a ter grande efeito. No domingo já se queixou com menos dores e o dificil foi mesmo mante-la o mais sossegada possivel para que as dores no corpo passassem. Segunda acordou bem disposta, pronta para ir para a escola contar a aventura aos colegas e mostrar o braço engessado, com muitas recomendações para não andar aos pinotes para de noite não se queixar com dores no corpo. Os irmãos é que acharam muito engraçado o braço engessado.
A Camila, que esteve tão bem durante o fim de semana todo, chegou ao domingo à tarde a queixar-se com muitas dores de cabeça e maldisposta. Antes da hora de dormir chegou mesmo a vomitar. Teve uma noite muito agitada, com muitas queixas de má disposição e a parte final da noite até ficou na nossa cama. Quando a chamei de manhã, tornou-se a queixar com muitas dores de cabeça e à saida de casa, vomitou. Fui deixar os irmãos às escolas e voltei com ela para casa. Dei-lhe um chá com bolachinhas para ver se aquilo passava, vi se ela tinha febre ou tinha outras queixas e nada. Adormeceu, quando acordou não se queixou mais e passou o dia na preguiça no sofá. Eu estava a achar isto tudo muito estranho mas aliviada por ela se estar a sentir bem. Chega a hora antes de ir dormir, estavam a Camila e a Beatriz no quarto a arrumar as mochilas, quando a Beatriz me chama aflita porque a irmã estava a chorar muito. Chorou tanto que mal conseguia respirar... E no meio de tanta atrapalhação dizia-me "não me obrigues a ir mais à escola". Fiquei para morrer quando ouvi isto e a pensar como é que eu não me tinha apercebido logo a causa do mau estar dela...! Sabem aquelas alturas em que só nos apetece dizer que sim àqueles pedidos deles que nos partem o coração? A mim, naquele momento, só me apetecia mesmo dizer à Camila que ela não tinha de ir à escola se não quisesse e ir abanar a professora que a humilhou e que a fez sentir-se assim tão triste, tão desesperada... Custa tanto não os conseguir proteger de todos os males que possam existir... Sei que também não era saudavel mas a vontade é mesmo essa, impedir que eles se magoem seja com o que for. Falámos com ela no sentido de lhe explicar que fugir do problema não era solução e que ela tinha de não ligar ao que a professora havia dito pois ela e nós sabiamos que a intenção dela nunca foi querer saber mais do que a professora. A certa altura já falava de uns colegas que aproveitaram a deixa da professora para passarem o resto do dia a importunar-lhe o juizo... Será que a senhora professora pensou nas consequências daquela chamada de atenção em frente de toda a gente?! Foi muito complicado acalmar a Camila porque estar-lhe a dizer que ninguém iria gozar mais com ela pois certamente que com o fim de semana já se tinham esquecido do sucedido não lhe estava a chegar. Ficou decidido que no dia seguinte ela iria à escola e que eu iria falar com a directora de turma para a colocar ao corrente da situação. A noite foi agitada, ela mal descansou, sempre naquele sono mexido e a acordar muitas vezes, claro que de manhã estava cheia de sono mas isso não podia servir como desculpa para enterrar a cabeça na areia mais um dia. No caminho para a escola a Beatriz lá ia tentando animar a irmã, até se ofereceu e ao Tomás para irem à escola bater em quem andava a gozar com ela (a Beatriz é assim muito despachada e ficou muito muito chateada por saber que alguém andava a deixar a irmã triste). Tive bastante sorte pois encontrei a directora de turma e ela tinha um tempo para me receber. Perguntei-lhe se seria possivel falar também com a professora em causa, a directora de turma foi ver se a outra professora tinha disponibilidade para falarmos mas a resposta foi negativa. Como queria ver a situação resolvida, contei-lhe a versão dos acontecimentos que a Camila me havia contado, disse-lhe da recusa da Camila em ir para a escola e a senhora sempre a olhar para mim com um ar não muito surpreendido. Disse-me a directora de turma que já não era a primeira vez que haviam pais a queixarem-se daquela professora e que ia falar com os colegas da Camila, de modo geral e abstracto, acerca de andarem a gozar uns com os outros. Perguntei-lhe se seria possivel marcar uma hora para falar com a outra professora mas ela aconselhou-me a não o fazer para já, para só falar com ela se uma situação igual ou parecida se repetisse. Embora a minha ideia seja não haver outra situação como esta, concordei. Quase no final da conversa apareceu uma outra professora da Camila que me disse o mesmo que a directora de turma já me tinha dito,que a Camila é uma aluna muito participativa e interessada, que embora tenha os seus momentos de conversa com a colega do lado sabe quando deve parar e respeita quando a avisam do comportamento incorrecto e que se vê que ela é uma criança muito feliz. No final deram-me os parabéns pela excelente aluna que ali tenho. Até agora parece que a conversa da directora de turma com os alunos surtiu efeito e a Camila não se tornou a queixar que gozam com ela. No dia da conversa, terça feira à noite, ainda se queixou de um friozinho na barriga e de estar maldisposta mas depressa passou. Eu é que continuo aqui a remoer no como isto a marcou...
Quarta feira, julgava eu que não nos podia acontecer mais nada nesta semana e que ia descansar das emoções vividas nos dias anterior mas não podia estar mais enganada! Pouco antes da hora de almoço ligam-me da escolinha dos meninos pois o Gabriel tinha aberto o sobrolho e talvez eu quisesse ir com ele ao hospital. Fui a voar até à escola e lá encontrei o Gabriel e o Eduardo, sentados um ao lado do outro, o Eduardo com o braço em volta do irmão e com um ar tão encolhido como se tivesse sido ele a magoar-se. O olho do Gabriel estava a ficar muito inchado e sangrava, embora fosse uma coisinha pequenina. Achei mesmo melhor levar o Gabriel ao hospital só que queria que o Eduardo ficasse na escolinha pois o hospital não é de todo o lugar indicado para eles andarem sem necessidade. Mas e conseguir convencer o Eduardo a ficar na escola à espera do irmão? Ou convencer o Gabriel que o irmão ficava na escola e depois ele ia lá ter com ele de novo? Com aquele ar tão aflito que os dois tinham na cara, aquelas maozinhas dadas já ao meu lado para se virem embora... Acabei por levar os dois. Felizmente não foi preciso coser e segundo a médica, ele teve muita sorte com o sitio onde se magoou porque um pouco mais abaixo e tinha-lhe apanhado o olho. A médica avisou logo que o olho ainda iria inchar mais, que era para colocar muito gelo para ir diminuindo o inchaço. Na quarta feira de noite o olho já não se abria e estava com uma cor tão feia... Ontem e hoje ficaram os dois em casa pois achei que era arriscado mandar o Gabriel para a escola com o olho naquele estado. Hoje o olho já está com uma cor menos feia e ele já o consegue abrir ligeiramente. Mas a confusão que me faz olhar para o olhinho dele assim... E o Eduardo anda tão mimoso com o Gabriel, mais ainda do que o costume.
Quando acordei na quinta feira já só pensava "o que será que vai acontecer de mau hoje?" mas tive sorte e não aconteceu nada. E hoje também tem estado a correr tudo bem, sem acidentes nem grandes confusões. Já bastou tudo o que aconteceu! Entretanto, já perdi a conta ao número de vezes que disse, durante esta semana, "Cuidado com o braço da tua irmã" e "cuidado com o olho do teu irmão". No meio disto tudo, o bom, o ver que os meus filhos se adoram e que ver um deles mal mexe com eles e fazem de tudo para o ver bem. Tem havido tanta troca de mimos estes dias entre eles e muita entreajuda. É muito bom mesmo.
O tamanhão deste post... Tinha mesmo muito para escrever.
Muito obrigada a todas pelas opiniões acerca do post anterior.