Faz hoje 6 semanas que vivemos um dos piores - se não mesmo o pior - dias das nossas vidas.
No passeio em frente ao portão da escola primária, a Beatriz foi atropelada. Por um condutor embriagado que perdeu o controlo do carro e subiu o passeio, apanhando a Beatriz e mais uma colega. Acabou por não ser uma tragédia maior porque àquela hora apenas uma meia dúzia de alunos tinha saido já das salas de aulas.
Assisti a tudo do outro lado do passeio. Vi o carro aproximar-se, subir o passeio e embater nelas. Uma pequena fracção de segundo em que me senti gelar, que ainda não consegui banir do meu pensamento e que penso nunca ir ser capaz de apagar.
Foi tudo tão rápido e ao mesmo tempo durou uma eternidade. No meio de tanto azar, tivemos muita sorte: na altura do acidente estavam presentes bombeiros (pais de alunos da escola) que de imediato prestaram os primeiros socorros e ajudaram a manter a calma dos presentes. Foram as duas levadas para o hospital para serem assistidas. A Beatriz acabou por ser transferida para o hospital em Lisboa e esta foi sem dúvida alguma a viagem mais angustiante da minha vida...
Podia jurar que se passaram meses, talvez até mesmo anos, desde o acidente até ao momento em que, já em Lisboa, o médico veio falar comigo, após a Beatriz ter saído do bloco operatório. Foi mesmo uma espera horrível e demasiado angustiante... É um sentimento de impotência tão grande este de ficar parada à espera de noticias, sem ser possivel fazer algo a não ser mesmo esperar e rezar...
Uma vez mais, no meio de tanto azar tivemos uma sorte imensa. As consequências, embora graves, podiam ter sido muito piores e podiam ter corrido muitas coisas mal que não correram (e o meu coração quase que pára só de pensar nestas hipóteses...).
A Beatriz fez um traumatismo craniano e fracturas nos ossos das pernas - que tiveram de ser tratadas cirurgicamente. Está agora a caminho de uma boa recuperação que se espera ser total, sem sequelas. Tem sido muito forte e corajosa e nunca perdeu o seu sorriso mesmo nos momentos com mais dor.
Ainda me é muito dificil falar sobre isto e ainda me sinto tremer cada vez que as imagens me vêm à lembrança... Confesso que o meu primeiro pensamento foi que aquele carro lhes tinha tirado a vida... O carro não ia muito rápido mas elas são tão frágeis e pequenas em relação ao carro que a maior probabilidade é sempre a de algo muito mau acontecer... Felizmente para todos nós, o pior não aconteceu.
Há 6 semanas foi um dia de muito azar mas também de muita sorte!